O que Paulo queria ensinar com a parábola do corpo e os membros com a comunidade cristã?





        Apresentaremos, nessa breve reflexão, a diversidade de carismas assinalados por Paulo de Tarso na 1 Carta aos Coríntios capítulo 12; que delineiam, através da manifestação destes dons, a formação de uma “comum-unidade” de fé, a fim de entendermos o que Paulo queria ensinar com a parábola do corpo e os membros com a comunidade cristã. Os tópicos abaixo servirão de base para nossa reflexão.
1º Tópico: “A manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (1 Co 12, 7). Em Coríntios 12, nos são apresentadas algumas peças chaves na formação de uma comunidade, sendo elas: a sabedoria, a ciência, a palavra, a fé, a cura, a profecia, operação de maravilhas, o dom de discernir os espíritos, a variedade de línguas e interpretação das mesmas (cf. 1 Co 12, 8 - 10).
2º Tópico: Uma comunidade é formada por dois ou mais integrantes, porém é certo aquilatar que, independente da quantidade de membros, é imprescindível que haja unidade, pois assim como o corpo é um, mas tem muitos membros e todos esses membros na verdade formam um só corpo (cf. 1 Co 12, 12).
3º Tópico: O respeito às diferenças é de suma importância para a integridade moral, emocional e ética dessa comunidade. Independente da cultura, nacionalidade, etnia ou condição social, devemos saber que estamos juntos por um mesmo ideal e sentimento, bebidos de um mesmo Espírito. Porque, também, o corpo não é um só membro, mas muitos (cf. 1 Co 12, 13 - 14).
4º Tópico: Dentro de uma comunidade, todos têm uma mesma importância, não há quem seja maior ou menor, cada um com sua responsabilidade medida à sua habilidade, atitude ou conhecimento. Independente da função que exercemos, somos todos peças fundamentais para o movimento e funcionamento do “Corpo-comunitário”. “Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido?” (...) Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo (cf. 1 Co 12, 15 - 24). Imagina se olho dissesse à mão: Não tenho necessidade de ti? E também a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Realmente é imprescindível a função plena de todos os integrantes da equipe, sem distinção, pois até os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários e fundamentais (cf. 1 Co 12, 15 - 24).
5º Tópico: O espírito de unidade nos faz ser mais zelosos, uns com os outros; o respeito às diferenças e aos limites (habilidade – atitude - conhecimento) de cada um são a alavanca para que não haja divisão no corpo, mas, antes, tenham os membros, igual cuidado entre si. (cf. 1 Co 12, 15 - 24).
6º Tópico: Viver, verdadeiramente, em comunidade nos traz um sentimento de unidade; com isso, brota em nós uma força inesgotável, em que um é alicerce do outro. Não existe derrotado, nem vitorioso, senão a unidade toda, de forma que se um membro padece, todos os membros padecem com ele e se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele (cf. 1 Co 12, 26). (RIBEIRO 2010d)
Os tópicos acima apresentam os carismas oferecidos aos homens, ressaltando a necessidade de haver diversidade de aptidões. Vários dons são apresentados a fim de explanarem as diversas possibilidades de atuação do sujeito na sociedade. Dando sequência aos tópicos observamos a difusão dos valores, a importância dada aos dons de cada um e, junto a isso, a preocupação de Paulo em preservar o senso de unidade na comunidade. Existe, também, outra preocupação em Paulo, nesta parábola; o costume dos povos pagãos em atribuir, anteriormente, cada dom a uma divindade pagã; por esse motivo ele introduz a parábola deixando claro que a trindade é a essência de todo o dom; sendo o Pai o princípio de toda a ação, o Filho, o próprio serviço instaurado e os dons, carismas do Espírito Santo.
“Aspirem dons mais altos. Aliás, vou indicar para vocês um caminho que ultrapassa a todos” (1 Cor 12, 31). Amar! Paulo sugere, independente dos dons de cada um, nos inclinemos ao maior dom, pois este é concedido a todos. O amor é o coração do evangelho de Cristo; o dom que nos motiva e nos põe a serviço da comunidade. Paulo, no seu cântico, evidencia a importância do amor, ressaltando que ainda que tivéssemos todos os dons da profecia, do conhecimento de todos os mistérios da vida e de toda a ciência ou até mesmo de toda fé, sem o amor nada seria válido (1ª Cor 13, 2).
Trazendo os ensinamentos de Paulo para os dias de hoje e os aplicando diretamente em nossa postura comunitária, servir-nos de base para qualquer trabalho de evangelização continuada, principalmente dentro das pastorais, onde são mais frequentes os sentimentos de superioridade e competição, todos alimentados pela vaidade e tantos outros anseios avessos à natureza divina.
Podemos concluir essa reflexão de forma simples, trazendo alguns conceitos basilares, aqui descritos, como a necessidade de se manter a unidade; de saber que esta unidade é fruto da Trindade; de acreditar que todos nós somos “peças” fundamentais para que haja plenitude no serviço social; de que os dons não devem ser motivo de ciúmes entre os integrantes desta unidade; de que a perfeição divina conhecendo toda a fragilidade humana diante das tentações de superioridade ou competição, deixou claro, para nós:
1º - Que o Amor é o princípio do mundo...
2º - Que estar Amando é estar a serviço deste amor...
3º - Que Amar é o maior dom do Espírito concedido ao homem...

Por Daniel Gomes Ribeiro

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