Juízo Particular, Purgatório, Inferno e Céu





A ideia inicial que nos acompanha desde a infância é a de que o purgatório, o inferno e o céu são locais, habitações.  Idealizamos, de alguma forma, a vida pós-morte semelhante à vida encarnada; herança platônica, talvez. Contudo, não nos apegando à passagens descontextualizadas, mas sim a obra como um todo, percebemos que o juízo particular nos aponta Deus não como um juiz, mas sim, como um norte, uma direção.
A crença que se tem é que, no pós-morte, somos apresentados a toda nossa vida e obra e que, diante da verdade, ou seja, diante do mistério da vida, se continuamos irredutíveis em nossas subjetividades fechadas, vivenciamos um inferno existencial, de outra forma, se nos abrimos para essa verdade e reconhecemos as nossas limitações, erros e pecados percebemos facilmente a misericórdia de Deus.  O Juízo é um tempo de contemplação sobre toda a vida.
No evangelho de Mateus, capítulo 25, podemos observar, a partir do versículo 31, o norte apresentado por Deus para esse julgamento, onde somos colocados de frente ao amor-serviço de Jesus.  A balança do nosso julgamento tem de um lado nossas ações e do outro o amor ágape de Cristo.  Contudo, essa contemplação gera no homem uma inquietude muito grande, pois rever toda a sua vida e comportamento, sendo conhecedor da verdade, leva-o a uma crise, ou seja, um momento de purificação.  E a esse estado de consciência, de arrependimento, de juízo, a Igreja chama de Purgatório.
Por fim, o céu é justamente a aceitação dessa vida plena em Deus, quando nossa consciência encontra-se com Nosso Senhor, livre de qualquer mazela humana.  Não sabemos ao certo como se dá essa vida, porém, podemos compreendê-la, a partir da própria ideia de salvação, ou seja, uma total integração do sujeito com ele mesmo, dele com Deus, com os outros e com o mundo.
Por outro lado podemos crer, também, que o Juízo final é dinâmico. Ele acontece aqui e agora, a todo momento, a cada opção nossa, de vida ou morte. Pedro e Judas traíram a Cristo, um o negando e o outro o denunciando aos inimigos.  Contudo, Pedro abrindo-se para a verdade, saiu da sua subjetividade, purgou e tornou-se santo antes da morte, enquanto Judas não suportando o peso das suas ações e não crendo na infinita misericórdia de Jesus, suicidou-se e foi conhecido como traidor; vivendo um inferno em vida.

Por Daniel G. Ribeiro


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