Quem são os verdadeiros herdeiros do Reino?




Jesus apresenta os pobres, as crianças, os pequenos e os pecadores como os principais destinatários do Reino de Deus por serem eles os que mais precisam desse Reino instaurado. De outra forma, o Novo Testamento nos garante que a salvação é dada de igual forma para judeus e gregos, senhores e servos.  Por isso, devemos compreender que o conceito “Reino de Deus”, assim como Jesus Cristo, tem duas dimensões, a física, através da instauração de uma sociedade justa e igualitária, e a espiritual, como sendo um local de coabitação nosso com Deus depois da morte física.
A sociedade judaica, nos dias de Jesus, era excludente; mas o Reino apresentado por Cristo não tinha fronteiras; dessa forma, todos, segundo Cristo, estavam e estão na condição de fazer parte desse “projeto social e escatológico”, desde que compreendessem sua real constituição. Jesus nos dá algumas dicas de adesão ao Reino, afirmando-nos que quem não se acha merecedor, já o tem e aquele que se diz santo, dificilmente o verá e ou o entenderá (Mt 19,22-24). 
Dessa forma, podemos entender porque o Reino é mais bem recebido, ainda que mal compreendido, por aqueles que se encontravam, de alguma forma, excluídos da sociedade, quer seja por motivos econômicos, culturais, religiosos etc.  A ideia central do projeto do Reino de Deus passa pelo nosso desprendimento material e, também, espiritual.

Despede-os para irem aos sítios e aldeias vizinhas comprar algum alimento. Mas Ele respondeu-lhes: Dai-lhes vós mesmos de comer. Replicaram-lhe: Iremos comprar duzentos denários [Duzentos dias de trabalho] de pão para dar-lhes de comer? (Mc 6, 36-37)

O Reino de Deus exige do homem um olhar à frente, não de perdas e ganhos materiais; trata-se de um investimento que só pode ser contemplado e compreendido a partir do desprendimento dessa própria supervalorização da matéria (economia).  Nesse sentido, podemos entender que, na verdade, Jesus apresentou o Reino para todos, mas a aceitação desse “projeto” só alcançou  os pobres (em espírito), as crianças (sem valor social-religioso), os pequenos  (os necessitados) e os pecadores (impuros aos olhos da lei).
Jesus observando o quadro atual da sua religião e cultura provoca uma reintegração desses sujeitos à sociedade, provocando, assim, escândalo em Israel. Ele se sentou à mesa com pessoas tidas impuras (Mc 2,16), acolheu as crianças e as valorizou (Mc 10, 13,16), anunciou que a verdadeira presença de Deus na terra se dava através da justiça social em favor dos necessitados (Mt 25, 34-46) e falou de si próprio com muita humildade e sabedoria, colocando, assim, todos na condição de pecadores (Mt 6, 12 – Mc 10, 18).



Por Daniel G. Ribeiro

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